Um lance de segunda
Alguns ano atrás, quando jogava vôlei na escola, ou melhor, pensava que seria a maior revelação da modalidade e criticava todos os que não eram capazes de jogar comigo, na verdade até hoje penso isso, apesar de ter fracassado no esporte e ter adentrado ao mundo da lógica e dos cálculos, onde estou até hoje.
Toda essa introdução, foi para falar das pessoas que não eram capazes de jogar comigo, principalmente de um tal levantador. Um menino, atualmente com 22 anos, que na verdade eu não gostava e com uma relação reciproca, ele sentia o mesmo por mim. Com muita habilidade, seus levantamentos eram perfeitos, colocava a bola onde queria, menos na minha mão, talvez porque eu sempre o criticava e xingava, além de dificultar todas as bolas para ele.
Mesmo com toda nossa intriga, nosso time chegou a final do campeonato interno do colégio. Enfrentaríamos uma equipe, digamos que fraca, mas era a “zebra” do campeonato. Os outros jogadores do time morriam de medo de perdermos o jogo devido a minha intriga e eu também. Pensei em fazer um acordo com o levantador, mas não fiz. Era muita orgulhoso para expor meus problemas, ainda mais para um “inimigo”.
O começo do jogo foi fácil, vencemos o primeiro set. Quando pesei, agora é hora de sacanear com ele e sair como o herói do jogo. Xinguei, passei as bolas mais difíceis para ele. Deu certo, ele perdeu a confiança e cometeu erros absurdos. Me senti o máximo, mas por causa disso o outro time passou a gente. Do paraíso fui ao inferno. Ponto a ponto o final do jogo estava disputado. A escola inteira torcia pelo rival. Toda a tensão podia ser sentida a quilômetros de distância.
Nos momentos finais, salvei uma bola quase no chão e viramos o jogo. Se fizéssemos o próximo ponto, iriamos vencer. Passei a jogar como nunca e pensei que ser considerado o herói do jogo seria coisa de segundos. Defendi a bola com um passe perfeito para o levantador, era só ele levantar para mim que cravaria a bola no chão e, então, sairia como o melhor em quadra. Respirei fundo, pulei para corte, meus pensamentos estavam a milhão. Quando fui cortar, Em uma fração de segundos, a bola já estava no chão. Gritos, abraços. Tínhamos vencido o jogo. Num lance de segunda, o levantador foi o herói do jogo.